Procurador de Justiça de São Paulo cobra abertura de inquérito para investigar ações do governador
O MP (Ministério Público) de São Paulo apresentou requerimento ao procurador-geral do Estado, Márcio Fernando Elias Rosa, solicitando abertura de inquérito civil para apurar possível omissão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) diante da crise de abastecimento de água que atinge o Sistema Cantareira. De acordo com o procurador de Justiça – órgão vinculado ao MP – Sérgio Neves Coelho, autor do pedido, o tucano não reconhece a gravidade da situação das represas paulistas.
No requerimento, apresentado no dia 2, a Procuradoria de Justiça expressa preocupação com as notícias acerca do abastecimento hídrico no Estado, citando reportagens publicadas pela imprensa. Nesta segunda-feira (08/09), o nível do Cantareira registrou nova queda, atingindo 10,1%, já com o uso da reserva técnica – conhecida como “volume morto”.
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) deu início à utilização do volume morto da Cantareira no dia 16 de maio. À época, o volume total da represa, já somada à reserva técnica, era de 26,7%.
Mesmo com o uso do volume morto, a crise no Cantareira prosseguiu. O sistema abastece cerca de 8 milhões de consumidores na Grande São Paulo e distribui água para dois municípios do ABCD: São Caetano e parte de Santo André.
Diante da seca no Cantareira, o governador resolveu redistribuir o funcionamento dos sistemas de abastecimento, levando água do Alto Tietê e do Guarapiranga a regiões que sofriam com a seca, o que gerou efeito cascata e trouxe a crise para outros sistemas. Além de tirar água e passar a utilizar também o volume morto do Alto Tietê, Alckmin resolveu retirar água da represa Billings (Rio Grande) para abastecer o Sistema Rio Claro. Ambos os complexos atendem às cidades do ABCD. A água da Billings será utilizada para abastecer 150 mil moradores da região de Sapopemba, na Capital.
Diante da crise, o governador segue esperando pela chuva e afirma que já autorizou novo pedido da Sabesp para a utilização da segunda “camada” de volume morto do Cantareira.
A solicitação da companhia paulista foi confirmada por Alckmin, durante vistoria em Diadema, no mês passado. “Se tivermos em setembro as chuvas que normalmente ocorrem, não haverá necessidade (do uso da segunda cota de volume morto). Caso tenha necessidade, você tem preparado mais cento e pouco milhões de metros cúbicos”, afirmou o governador.
No entanto, para o meteorologista da Climatempo Alexandre Nascimento, o cenário de chuvas não é animador para os próximos meses, o que deve agravar a crise hídrica em São Paulo. “A estimativa entre outubro de 2014 e março de 2015 é que a chuva seja inferior a 20% do volume dos últimos dois anos no Cantareira”, explicou ao ABCD MAIOR.
Aguardo – Em resposta ao pedido de inquérito civil apresentado pelo procurador de Justiça de São Paulo, Sérgio Neves Coelho, a assessoria do governo paulista disse que somente se pronunciará caso o MP instaure o inquérito.
Fonte: abcdmaior.com.br